DROGA:UM PROJETO DE MORTE.

A partir de uma discussão e comparação de uma série de dados estatísticos, fica clara a relação entre o uso de drogas e um projeto pessoal de morte. A relação do uso das drogas com tentativas de suicídio, ou mesmo de suicídios consumados, é reveladora dessa condição. Em pesquisa realizada na Grande São Paulo, encontramos seguinte seqüência entre as três principais causas da morte de jovens: (1) violência, (2) acidentes, (3) suicídios..

Podemos supor que essas três causas estão com muita freqüência associadas ao mundo que envolve as drogas. A violência como causa importante de morte na Grande São Paulo - de certa forma isso pode ser estendido para todo o país, entre a juventude - nos remete a um grande questionamento. A desorganização da estrutura familiar, o desemprego e o desamparo, que ocorrem em todas as classes sociais (familiar e social), entre vários outros fatores, determinam um incremento do abuso de drogas como uma "fuga" da realidade.

A violência doméstica (contra crianças, adolescentes e mulheres) quase que invariavelmente é acompanhada pelo abuso de drogas, principalmente do álcool. Os acidentes de trânsito, responsáveis pela absurda estatística de mais de 50 mil mortos por ano no Brasil, também estão associados, em sua maioria, ao uso do álcool. Por isso, a abordagem de um programa de prevenção deverá ser, antes de tudo, um "projeto de vida', como recomenda a Organização Mundial da Saúde. Claude Olivenstein, pesquisador francês, apresenta alguns princípios básicos para esses projetos: a) a questão das drogas deve ser tratada, fundamentalmente, como um problema de saúde pública; b) é preciso abordar o problema em sua totalidade, incluindo tanto as drogas lícitas como as ilícitas; c) uma política de luta contra a toxicomania deverá integrar-se numa política social geral; d) a abordagem do problema deverá respeitar as particularidades históricas e sociais do País e das suas diferentes regiões; e) a credibilidade dos programas depende da participação de toda a sociedade; f) a política de luta contra a droga deverá basear-se nos conhecimentos científicos do tema.

Essas são idéias que podemos chamar de "gerais" para uma política de programas que abordem o uso de drogas. Um "programa de valorização da vida", como estratégia de um programa de prevenção ao uso abusivo de drogas, deve enfatizar antes de tudo a valorização do indivíduo (a pessoa) e de seu ambiente (a família, a sociedade e a natureza) e de suas manifestações de vida e saúde. As campanhas "contra as drogas" devem ser cuidadosamente avaliadas, pois algumas vezes despertam mais curiosidade e estimulam mais o consumo do que previnem o uso.

Algumas vezes, o discurso dessas campanhas é feito de uma maneira "repressora" (como se fosse um caso de polícia), ingênua (tratando a questão como um problema "moral", através de "ex-drogados arrependidos"... não estamos excluindo a importância dos grupos de auto-ajuda adequadamente treinados como os alcoólicos anônimos ou dependentes químicos anônimos) ou considerando os adolescentes como "desinformados" sobre as questões (quando, na realidade, convivem mais com o problema do que muitos adultos). Quando levada dessa forma, uma campanha torna-se francamente contraproducente.

Waldir Humberto Schubert
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Jornal ANotícia - 28/07/2000

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